sexta-feira, 15 de março de 2013

Scanner ajuda polícia a identificar contrabando nas estradas brasileiras


Equipamento é capaz de apontar mercadorias suspeitas mesmo em veículos em movimento. Cinco máquinas de raio-X estão em operação.
O Fantástico rodou mais de quatro mil quilômetros para mostrar as estratégias das quadrilhas que trazem mercadoria ilegal para o Brasil, da descoberta do crime à prisão dos acusados. Tudo foi gravado no Paraná e em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. E a polícia? O que está fazendo para combater os bandidos na fronteira?
“Aqui nós podemos ver que já tem algo suspeito dentro desse veículo e chama a atenção”, diz o policial mostrando um caminhão no scanner. São gravações em tempo real. E o resultado é uma radiografia completa do crime nas estradas brasileiras.
As quadrilhas fazem adaptações nos veículos só para o transporte de drogas. No fundo verdadeiro da carroceria, há uma parte falsa. São 40 centímetros de distância entre uma parte e outra, espaço onde estavam escondidos 400 quilos de cocaína.
A apreensão foi possível graças a um novo equipamento importado dos Estados Unidos. Trata-se de um scanner, uma espécie de raio-X parecido com dos aeroportos.
O equipamento da Polícia Rodoviária Federal identifica mercadorias suspeitas dentro de qualquer veículo, inclusive em movimento.
O monitor mostra uma Kombi sendo guinchada. “Se analisarmos aqui, possivelmente seja droga vinda da fronteira”, diz um policial. O policial que controla o raio-X dá o alerta e o veículo é parado. Os policiais desmontam a Kombi para ver se realmente tem droga. A suspeita se confirma e o carregamento é grande: mais de 200 quilos. Tudo escondido em um fundo falso. Encontraram maconha, cocaína, haxixe e, inclusive, armas e muita munição.
Na BR-163, ainda em Mato Grosso do Sul, outro motorista é parado e mente. Só que o raio-X já tinha revelado vários pacotes escondidos em compartimentos secretos: ao lado do motor, no parachoque traseiro e na lateral do assoalho.
No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 97 toneladas de drogas em todo o país e 70% dessas apreensões foram em Mato Grosso do Sul e no Paraná.
No ano passado, a Receita Federal apreendeu R$ 2 bilhões em mercadorias e veículos que entraram ilegalmente no Brasil. Cigarro está entre os principais produtos ilegais vindos do Paraguai. Um caminhão graneleiro, que deveria estar carregado de grãos, levava um carregamento de cigarros. O carro foi apreendido, mas o motorista fugiu.
Já em Mato Grosso do Sul, o raio-X encontrou carregamentos maiores. Para não fazer muito volume na carga, contrabandistas colocam um pneu dentro do outro.
No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal fez 1.922 prisões por tráfico de drogas; e mais 1.435 por contrabando. Entre os detidos, há juízes e policiais militares e federais.
Cinco equipamentos de raio-X já estão fiscalizando as estradas brasileiras.
O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo Fernando Salla faz um alerta. “Por si só, eu acho que é uma iniciativa interessante, mas é limitada. Muitas vezes, o mais importante é desenvolver políticas mais amplas que implicam desde acordos com os países vizinhos, controle de contrabando. Não adianta o Brasil desenvolver uma série de mecanismos internos de controle da fronteira se, do outro lado da fronteira, há uma permissividade com as atividades ilegais”, destaca.
Perguntamos se os cinco equipamentos de raio-X são suficientes. “Não são suficientes. Essa é a primeira etapa. Nós fizemos uma primeira aquisição, treinamos o nosso pessoal, pretendemos fazer novas aquisições esse ano para Polícia Rodoviária Federal e mais. Estamos estudando a possibilidade de nós doarmos scanners para os estados, porque os estados, especialmente os estados de fronteira, precisam desses equipamentos”, avalia o ministro.
“Esses equipamentos são apenas parte do que se pode fazer pra controlar as áreas de fronteira”, aponta

Fernando Salla.
Fonte: Rede Globo

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